A candidatura do Dr. António Costa tem coleccionado um numeroso conjunto de contradições que é preocupante. Desde logo pelo número elevado. Mas sobretudo preocupantes as matérias em que os candidatos e o cabeça de lista ou os mandatários, permanentemente se contradizem.
A primeira contradição que registei foi entre António Costa (na primeira pessoa e no programa) e o mandatário financeiro - Dr. Saldanha Sanches. O fiscalista defendeu sem hesitações a extinção de todas as empresas municipais e a cobrança de portagens na entrada da cidade. Ora, Costa defende a reestruturação do sector empresarial municipal e não a sua extinção. Quanto às portagens manifestou-se claramente contrário à solução.
Dias depois surge a questão da circular das colinas. Manuel Salgado foi um dos principais apoiantes da ideia que está prevista no plano de revitalização da Baixa-Chiado e Maria José Nogueira Pinto a coordenadora deste plano. Acontece que também aqui António Costa tem uma ideia contrária. Também nesta matéria o cabeça de lista tem uma opinião e o seu número dois e a provével coordenadora deste plano (caso Costa vença) têm opiniões contraditórias.
Quanto ao aeroporto, também foi alvo das contradições socialistas... António Costa apareceu a defender o "segundo pulmão verde" da cidade de Lisboa para TODO o espaço actualmente ocupado com o aeroporto depois da sua saída. Acontece que o seu número dois defendeu à cerca de dois anos que aí mesmo se construísse um grande centro de negócios - um gigante complexo de escritórios. Mais uma enorme contradição...
Mais recentemente outra contradição, desta vez sobre a gestão da zona ribeirinha. António Costa apareceu como grande defensor da retirada da jurisdição da APL sobre toda a zona ribeirinha não afecta a uso portuário. Aparentemente, Costa preparava-se para reivindicar essa alteração ao governo. Mas não. Afinal, às escondidas, António Costa e o governo já definiram o modelo de gestão da zona ribeirinha e este é substancialmente diferente do que Costa apregoa. Na verdade Costa comprometeu-se em manter a gestão na administração central através da criação de três novas entidades dependentes do governo. Mas o mais extraordinário é o facto de o coordenador ser o próprio mandatário de António Costa - José Miguel Júdice... E Costa anda ainda reivindicar a zona ribeirinha...