O plano conhecido e que se encontra em discussão detalhada na assembleia municipal resulta, como os próprios autores admitem, da sistematização de diagnósticos e até de soluções há muito conhecidas. O trabalho apresentado tem o mérito de articular propostas e de criar um fio condutor para uma intervenção que todos defendem e que conduza à revitalização da Baixa e do Chiado.
O plano enquanto intenção parece-me interessante, mas falta um passo decisivo: a adequação da proposta à realidade tendo em conta a actual conjuntura financeira da CML. O Plano prevê um investimento superior a mil milhões de euros. Sendo que, em apenas 3 anos a câmara é responsável por afectar a este plano perto de 200 milhões de euros de acordo com os elementos conhecidos.
Com as dificuldades financeiras da CML, considerando que as receitas municipais anuais são da ordem dos 615 milhões de euros e que retiradas as despesas com pessoal e compromissos com a dívida sobram cerca de 300 milhões de euros, mas sobretudo tendo em conta a prioridade de a câmara satisfazer obrigações elementares com o funcionamento da cidade e da vida dos lisboetas, julgo que a intervenção na Baixa e Chiado deverá ser adaptada a esta realidade.